quinta-feira, 29 de maio de 2008

Comeu a ração, bicou a minha mão e se mandou!

Presentes que me deixaram contente

Que generoso o português
(e a dona Inês!)
Que permite um nome assim
De beleza singular
Ao mesmo tempo
Sujeito e verbo
Que tem na personalidade o seu predicado
Presente sempre
Passado constante
Independente do que vier
É e fez
Foi, fará e será
Lia
.......................................................................

Lia

Só, pensava, Lia
Lia só, em mim pensava
quando acordo de repente
De um sonho retornava ?

Via tu, não era Lia..
Só pensava ou escrevia ?
Sonho bom que era você
Nunca achei que acabaria

Te inspira tal poema ?
Quem me dera essa tal Lia
Em minha frente aparecese
Carne, alma, osso e poesia

Sonhos são assim !

Lindos cabelos negros, olhos de alegria
Começam e acabam ao clarear do dia...
Hei de reconhecer que apenas um sonho me bastaria
Se acordar, ao lado meu, estivesse tu ó linda Lia !

segunda-feira, 19 de maio de 2008

A cegueira de quem muito tem. O silêncio de quem muito necessita.

Quanto às atrocidades diárias
Cegai-nos, Senhor
Quanto às injustiças familiares
Cegai-nos, Senhor
Quanto à castidade filantrópica
Cegai-nos, Senhor
Quanto ao silêncio oportuno
Cegai-nos, Senhor
Quanto à vileza da omissão
Cegai-nos, Senhor
Quanto à desigualdade social
Cegai-nos, Senhor
Quanto à miséria alheia
Cegai-nos, Senhor
Quanto à violência bem nutrida
Cegai-nos, Senhor
Quando à fartura da fome

Cegai-nos, Senhor
Quanto à liquidez dos sonhos

Cegai-nos, Senhor

Quanto à criminalidade da riqueza

Cegai-nos, Senhor
Quanto à procriação da ignorância
Cegai-nos, Senhor
Quanto às atrocidades várias
Calai-nos, Senhor
Quanto aos familiares injustiçados
Calai-nos, Senhor
Quanto à casta rebelia
Calai-nos, Senhor
Quanto às oportunidades silenciadas
Calai-nos, Senhor
Quanto à vileza de ser são
Calai-nos, Senhor
Quanto à sociedade sempre igual
Calai-nos, Senhor
Quanto aos alheios à miséria
Calai-nos, Senhor
Quanto à nutrição violentada
Calai-nos, Senhor
Quanto à faminta fartura
Calai-nos, Senhor
Quanto aos sonhos intangíveis
Calai-nos, Senhor
Quanto ao rico criminoso
Calai-nos, Senhor
Quanto a nossa pobre geração
Calai-nos, Senhor

Um amigo me mandou

Amor, então, também acaba?

Não, que eu saiba.
O que sei é que ele se torna matéria-prima
Que a vida se encarrega de transformar em raiva
- ou em rima.

Paulo Leminski

sábado, 10 de maio de 2008

Prévia do porvir

A rosa desfolhada

Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho

Tento compor o nosso amor
Dentro da tua ausência
Toda a loucura, todo o martírio
De uma paixão imensa
Teu toca-discos, nosso retrato
Um tempo descuidado

Tudo pisado, tudo partido
Tudo no chão jogado
E em cada canto
Teu desencanto
Tua melancolia
Teu triste vulto desesperado
Ante o que eu te dizia
E logo o espanto e logo o insulto
O amor dilacerado
E logo o pranto ante a agonia
Do fato consumado

Silenciosa
Ficou a rosa
No chão despetalada
Que eu com meus dedos tentei a medo
Reconstruir do nada:
O teu perfume, teus doces pêlos
A tua pele amada
Tudo desfeito, tudo perdido
A rosa desfolhada


terça-feira, 6 de maio de 2008

Não é miojo, mas pede 3 minutos


de silêncio e reflexão

"E se eu morrer, véu
E se eu viver, réu"

Pedacinho de Homem da Sucursal. Miltão e F. Brant, só podia.
E La Pluie de Chagall