sexta-feira, 31 de julho de 2009

Fernando Pessoa


Uma das características mais especiais de Lisboa é ela ter sido a cidade de Fernando Pessoa. É emocionante pensar que passei por lugares onde ele esteve, que tomei um café na Brasileira, seu reduto quase que diário, mas ao mesmo tempo, que diferença isso faz? Absolutamente nenhuma.
No entanto foi tocante visitar o seu túmulo e ler o que está registrado ali: justamente um dos meus poemas preferidos, que não é nem de longe um de seus poemas mais recitados.
Trata-se de um poema de Ricardo Reis, o racional, o centrado, o evocador de musas gregas.
Aqui vai:

Para ser grande, sê inteiro.
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Desde a primeira vez que me deparei com esse poema, levo-o comigo. Primeiro transcrito numa folha de sulfite e preso no quadro de avisos do meu antigo quarto na casa da Vovó. Mais tarde simplesmente na cabeça. Confesso, entretanto, que nunca segui os conselhos de Ricardo Reis. Falta-me disciplina, concentração e força de vontade para ser inteira. Tenho vivido sempre pela metade ou pelos três quartos.
Dommage.

blah

Já não sei o que há de tão contagioso na preguiça. Será que a preguiça é um acompanhamento da vida confortável, da felicidade? Tudo indica que sim.
Com a mente vazia e a agenda livre cultivo vícios
outrora intoleráveis. Manias que vão se arraigando cada vez mais profundamente na falta do que fazer.
Ora, que seca. Mas é o que se passa.
Um ano e meio de venlafaxina e a estabilidade humorística permanece, mas a concentração, a inspiração... ah, essas viraram história.
Dias tranquilos, cinzentos e insossos já foram, por vezes, muitas vezes, fonte de inspiração. Hoje são apenas dias. Períodos e mais períodos de 24 horas preenchidos de pequenas coisinhas do dia-a-dia, de programas inúteis de TV, de refeições solitárias, de tarefas de casa. Ai, que seca.
Bem, levantemos a bunda do sofá e tentemos fazer algo menos inútil.