sexta-feira, 22 de abril de 2011

De volta à África? Ou a Moscou?

Há quase dois anos comprei um livro, o meu primeiro, do angolano Pepetela. Foi indicação de uma amiga: "Se gostas de Garcia Marquez, hás de gostar de Pepetela...". Sabe-se lá por que eu deixei para lê-lo só agora. 
O enredo em si não foi o que mais me cativou na mais nova obra do escritor, mas sim o seu estilo. Moderno, sucinto e estranhamente profundo. Sim, de uma profundidade sutil que não se baseia no uso de termos complicados ou orações longas. Diálogos misturam-se com a voz do narrador e permitem um mergulho nos desejos simplórios - e, no entanto - tão inacessíveis - do nosso herói. A busca do amor impossível por razões políticas. 
Começo a ler um romance de um angolano e logo me vejo em Moscou. Depois na Mongólia. Na Argélia. Em Cuba! Caminhos de revolucionários, de pessoas perdidamente, no sentido denotativo do termo, engajadas em movimentos de libertação de suas pátrias. A política tem dessas. Já dizia Aureliano Buendía, de Cem anos de solidão, que não sabia bem como e por que o posicionamento político de sua família havia sido escolhido. Mas nesta obra de Pepetela o protagonista sabe bem o que o levou a fazer parte do movimento de libertação. O que o torna perdido é o burocrático emaranhado de caminhos que tem que percorrer ao longo da vida. E as inúmeras arapucas que se lhe apresentam. 
Um romance pleno de fluidez, belas imagens e muita sensibilidade. Recomendo e lamento estar numa fase de limitação financeira que não me permite adquirir imediatamente outros romances do autor.

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