sábado, 6 de dezembro de 2008
Sonhos
Em meio a uma sociedade vil de tão insana e frenética, aos lúcidos chega a parecer loucura conceber-se a idéia de dar vida a mais um pobre filho de Deus condenado, não só a um destino fadado ao desgaste social e econômico, mas também à uma existência no seio de um planeta cujos recursos naturais, tão essenciais à vida humana, estão se esvaindo diante de nosso passivo olhar.
Mas como combater um instinto tão arraigado nas entranhas femininas? Como enregelar um impulso tão natural e puro? Dormindo talvez. Boa noite.
sábado, 15 de novembro de 2008
Preguiça
É por sua causa que permitimos que perdurem mal-estares psicológicos ; que humildemente aceitamos um destino adverso ou que contribuimos, mesmo sem disto ter conhecimento, para a perpetuação da barbárie social. Não trouxesse ela tamanhas consequências, não seria o sexto pecado capital.
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Dona Rosa Maravilha
"O mundo é uma bola grande.
Só uma pq se fossem duas, ele seria um (...) "
Genial
Um vidro de shampoo
Virando e revirando
Ora, se está tudo certo, por que
haveria eu de acordar com um shampoo?
Que séca essa vida de gente correta.
Cansei de ser uma dessas gentes.
Apesar de saber bem aonde quero ir
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.
Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...
Talvez o mundo exterior tenha pressa de mais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...
Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra: devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?
Álvaro de Campos
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Sem fantasia
Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer
Vem, por favor não evites
Meu amor, meus convites
Minha dor, meus apelos
Vou te envolver nos cabelos
Vem perde-te em meus braços
Pelo amor de Deus
Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu
Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar
Eu quero te contar
Das chuvas que apanhei
Das noites que varei
No escuro a te buscar
Eu quero te mostrar
As marcas que ganhei
Nas lutas contra o rei
Nas discussões com Deus
E agora que cheguei
Eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
Dos carinhos teus
Máxima
Oscar Wilde, é claro
Liberdade
Não por cansaço ou moral
Pelo sentir, pela razão
E pela fria lógica da existência.
Sou, em fim, livre
Vejo diante dos olhos
A imensidão de possibilidades
Recebo o troféu e estou
Pronta, de cima a baixo,
para ser.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
(d)Existindo
Sartre
"O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio... "
Trecho de Aniversário de Álvaro de Campos
"Concomitantemente aprendi que se perde sempre. Só os Salafrários pensam que ganham. (...) vou sobreviver a mim mesmo. Comer, dormir. Dormir, comer. Existir lentamente, suavemente, como essas árvores, como uma poça d'água, como o banco vermelho do bonde".
Sartre
quinta-feira, 26 de junho de 2008
O insight
Até que se fundam e me confundam
É trabalhar e trabalhar e trabalhar
Para comprar e comprando esquecer um pouco
Mesmo que sirva só para aqueles curtos segundos
O que importa no fundo...
Ah, isso não dá mesmo
Então adiemos
Adiemos a vida até...
quarta-feira, 25 de junho de 2008
O que fazer?
É parte de si, cindindo;
É um vácuo a sugar energias;
É a falta de sono ou estar farta dele.
É uma preguiça macunaímica cúmplice de vícios entorpecentes.
É a overdose do pijama, vestimenta solene dos cômodos de Pasárgada.
É a falta do porquê, do para quê.
É isso tudo na neblina de um olhar;
Nos curtos segundos de um suspiro;
Na rara pausa da vida, que permite enxergar com nitidez,
Pouco, mas além da ferida dormente.
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Revoada
Blackbird - Beatles
Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise
Black bird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
all your life
you were only waiting for this moment to be free
Blackbird fly, Blackbird fly
Into the light of the dark black night.
Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise
Assum preto - Luíz Gonzaga
Tudo em vorta é só beleza
Sol de Abril e a mata em frô
Mas Assum Preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor (bis)
Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do Assum Preto
Pra ele assim, ai, cantá de mió
Assum Preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá
Assum Preto, o meu cantar
É tão triste como o teu
Também roubaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óios meus
Também roubaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óios meus.
domingo, 8 de junho de 2008
Engraçado que no final queijo branco combina sim com palmito
(Des)Esperança da Rosa
Era especial, mas de sonho regular:
Para o perdão seria a ferramenta;
Fosse qual fosse o sonho a se realizar
O importante era, de um modo ou de outro, que sua função se cumprisse.
Não importava ter vencido,
Na inesperança, o asfalto.
Qualidades sobravam para que
Tal destino bastasse, mas era só aquilo
Tudo que queria.
sábado, 7 de junho de 2008
Alegria do menino
Quieto, um pouco triste e só.
D' O pequeno príncipe
Ao invés da jibóia, ou da raposa,
O cativou a rosa.
Queria sua forma, cor e essência.
Queria a mais bela rosa
Para si, para sempre.
E buscou-a:
Pulou o portão vizinho.
Com uma pedra distraiu o cão.
Respirou fundo, pisou leve,
Esticou o seu comprimento e tocou-a.
O coração bateu forte na garganta.
Era sua a mais bela rosa de toda a vila.
Fez o caminho de volta
Com ar de Napoleão,
Ansiedade de principiante,
Honra de Odisseu
E orgulho de quem já não precisa das rodinhas da bicicleta.
Nas mãos, a rosa
E no rosto de suor, o rubor
Da euforia dos segundos que precedem a conquista.
Fora um fósforo a se acender.
Gauche na vida
A barganha reina soberana, o que é instintivo, mas... o que foi feito da inteligência, da racionalidade? Oras, não me venham com convenções! Estou farta de entrelinhas!
Ah, um suspiro pela rosa que só queria ir pro caixão...
Un autre cadeau
ESSA DOR QUE VIVE UM TEMPO QUE NINGUÉM VÊ
AH! É TÃO DIFÍCIL SER SÓ, MAS A SOLIDÃO É UM VICIO LEVE...
DE QUEM ALIMENTA O GOSTO DE SER LIVRE AMANHÃ
TROCO UM ABRAÇO POR SILÊNCIO
TROCO SEU BEIJO PELA SORTE
DE VAGAR PELA CIDADE BEM DEVAGAR...
ARRISCO UM SONHO UM PARAISO
MIL VEZES PERCO O JUIZO
NA ESPERANÇA DE TE ENCONTAR...PRA DEPOIS
QUEM SABE...
ORIENTE MEUS PASSOS PARA LONGE DOS SEUS E DESCUBRA A MIM MESMO....
QUEM NO PRINCIPIO OU FIM DE TODA ESTÓRIA
DESCUBRA VOCÊ!!
EM MIM
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Menu de ontem: Pain carbonisé
Amores
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Flor da Idade - Chico Buarque
A gente faz hora, faz fila na vila do meio dia
Pra ver Maria
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia
Nem desconfia
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor
Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família
A armadilha
A mesa posta de peixe, deixe um cheirinho da sua filha
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha
Que maravilha
Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor
Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua
A gente sua
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua
E continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor
Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
Que amava Juca que amava Dora que amava Carlos que amava Dora
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha
Espinho na roseira / Drummonda - Karnak
Tem espinho na roseira
Cuidado vai cortar a mão
Pedro Alcântara do Nascimento amava Rosa Albuquerque Damião Pedro Alcântara amava Rosa, mas a Rosa não amava ele não Rosa Albuquerque amava Jorge, amava Jorge Benedito de Jesus
E o Benedito, Bendito Jorge, amava Lina que é casada com João
E o João, João sem dente, amava Carla, Carla da cintura fina E a Carla, linda menina, amava Antônio Violeiro do Sertão.
E o sertão vai virar mar
E o mar vai virar sertão
E o Antônio, cabra da peste, amava Júlia que era filha de Odete
E a Odete amava Pedro, que amava Rosa que era prima de Drumond
E o Drumond era casado com Maria que era filha de Sofia, mãe de Onofre e de José
E o José era casado com Nazira que era filha de Jandira, concubina de Mané
E o Mané tinha 17 filho 10 homens e 6 menina e um que ia resolver
E o rapaz tava já na adolescência tinha brinco na orelha e salto alto prá crescer.
E o Rodolfo que jç era desquitado era homem mal amado não queria mais viver
E encontrou Maria Paula de Arruda que lhe deu muita ajuda fez seu coração nascer
E são essas histórias de amor
Que acontecem todo dia sim senhor
"A vida é cheia de encontros, mesmo havento tantos desencontros nessa vida..." V. de Moraes
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Presentes que me deixaram contente
(e a dona Inês!)
Que permite um nome assim
De beleza singular
Ao mesmo tempo
Sujeito e verbo
Que tem na personalidade o seu predicado
Presente sempre
Passado constante
Independente do que vier
É e fez
Foi, fará e será
Lia
.......................................................................
Lia
Só, pensava, Lia
Lia só, em mim pensava
quando acordo de repente
De um sonho retornava ?
Via tu, não era Lia..
Só pensava ou escrevia ?
Sonho bom que era você
Nunca achei que acabaria
Te inspira tal poema ?
Quem me dera essa tal Lia
Em minha frente aparecese
Carne, alma, osso e poesia
Sonhos são assim !
Lindos cabelos negros, olhos de alegria
Começam e acabam ao clarear do dia...
Hei de reconhecer que apenas um sonho me bastaria
Se acordar, ao lado meu, estivesse tu ó linda Lia !
segunda-feira, 19 de maio de 2008
A cegueira de quem muito tem. O silêncio de quem muito necessita.
Quanto às injustiças familiares
Cegai-nos, Senhor
Quanto à castidade filantrópica
Cegai-nos, Senhor
Quanto ao silêncio oportuno
Cegai-nos, Senhor
Quanto à vileza da omissão
Cegai-nos, Senhor
Quanto à desigualdade social
Cegai-nos, Senhor
Quanto à miséria alheia
Cegai-nos, Senhor
Quanto à violência bem nutrida
Cegai-nos, Senhor
Quando à fartura da fome
Cegai-nos, Senhor
Quanto à liquidez dos sonhos
Cegai-nos, Senhor
Quanto à criminalidade da riqueza
Cegai-nos, Senhor
Quanto à procriação da ignorância
Cegai-nos, Senhor
Quanto às atrocidades várias
Calai-nos, Senhor
Quanto aos familiares injustiçados
Calai-nos, Senhor
Quanto à casta rebelia
Calai-nos, Senhor
Quanto às oportunidades silenciadas
Calai-nos, Senhor
Quanto à vileza de ser são
Calai-nos, Senhor
Quanto à sociedade sempre igual
Calai-nos, Senhor
Quanto aos alheios à miséria
Calai-nos, Senhor
Quanto à nutrição violentada
Calai-nos, Senhor
Quanto à faminta fartura
Calai-nos, Senhor
Quanto aos sonhos intangíveis
Calai-nos, Senhor
Quanto ao rico criminoso
Calai-nos, Senhor
Quanto a nossa pobre geração
Calai-nos, Senhor
Um amigo me mandou
Não, que eu saiba.
O que sei é que ele se torna matéria-prima
Que a vida se encarrega de transformar em raiva
- ou em rima.
Paulo Leminski
sábado, 10 de maio de 2008
Prévia do porvir
Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho
Tento compor o nosso amor
Dentro da tua ausência
Toda a loucura, todo o martírio
De uma paixão imensa
Teu toca-discos, nosso retrato
Um tempo descuidado
Tudo pisado, tudo partido
Tudo no chão jogado
E em cada canto
Teu desencanto
Tua melancolia
Teu triste vulto desesperado
Ante o que eu te dizia
E logo o espanto e logo o insulto
O amor dilacerado
E logo o pranto ante a agonia
Do fato consumado
Silenciosa
Ficou a rosa
No chão despetalada
Que eu com meus dedos tentei a medo
Reconstruir do nada:
O teu perfume, teus doces pêlos
A tua pele amada
Tudo desfeito, tudo perdido
A rosa desfolhada
terça-feira, 6 de maio de 2008
Não é miojo, mas pede 3 minutos
de silêncio e reflexão
"E se eu morrer, véu
E se eu viver, réu"
Pedacinho de Homem da Sucursal. Miltão e F. Brant, só podia.
E La Pluie de Chagall
domingo, 27 de abril de 2008
Por um iraquiano-brasileiro
Bagdá ...Oh Bagdá
por Khalid Tailche
Destruíram meu paíse nas suas ruínas
implantaram o terror
Araram a terra com as bombas
e irrigaram suas diabólicas ervas
com as lágrimas das viúvas
Bagdá...
terra da alegria e da música
terra de ciência de literatura
tornou-se a terra de lamúria
Suas portas estão abertas
para o vento amarelo
Suas ruas são refúgios
para os lobos frenéticos
e os bêbados de sangue
Bagdá, Oh Bagdá
roubaram sua riqueza
e expulsaram seus filhos
e não deixaram em ti
pedra em cima de pedra
Tivemos paciência
seja paciente
Para cada doença há remédio
e para cada criminoso há destino
Originalmente publicado aqui.
terça-feira, 22 de abril de 2008
Do meu "si"
Auto suficiência ilusória
Solidão acompanhada
Jornada fadada
Asfixia ao ler manchetes
Taquicardia ao ler Pessoa
Leitura velada
Silêncio na angústia
Rebeldia na persistência
Alegria provisória
Infelicidade medida
Existência descompassada
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Da solidão expandida
A nitidez dissipa as partilhas e torna meu caminho verde só. É doce de liberdade, triste e feliz (não havendo aí oposição). Fiel, fértil, febril, freqüente. Se me estorva por vezes. Mais do que resisti; insiste, fecunda e me elucida. Faz do correr áspero; mental do tempo. Faz da vontade possibilidade, alimenta e consome. Unidade, ceticismo, saudade, piedade de nós que elegemos submergir.
domingo, 13 de abril de 2008
Inútil tomada de consciência prévia ao sono
A carne ora a derreter na sequidão, ora a trincar no vento frio
Mais uma manhã regular
E tantos corpos pelo chão
Vidas potenciais sofridas pelos cantos
Buscando nada além do que o urgente:
Sustento imediato para ossos duros e peles grossas
Quase zumbis num vagar incômodo
Causando "credos" de asco
Desengasgando de cútis hidratadas - e muitas ocas - "ais"
Mistos de culpa e dó.
Pois consome, come, cala
Remedia, adia
E dorme.
Dust of Snow
Shook down on me
The dust of snow
From a hemlock tree
Has given my heart
A change of mood
And saved some part
Of a day I had rued.
Robert Frost
sábado, 12 de abril de 2008
Das mortes que há na vida
Só os sonhos me permitem
Frações medidas de alma em euforia
Nos dias claros me vejo cindida
Tanta morte há na lida!
E de repente já não há lar
A labuta não me aflige
(sequer fatiga)
Me vejo ébria
E sou livre
Mas num minuto de percepção
Se esmaece a fantasia
Me vejo sóbria
E sou triste
O caminho não trilhado
Apesar desse poema do Robertão ser um dos mais famosos e verdadeiramente maravilhoso, ele ainda não é o meu preferido. Mas este ficará para outra ocasião… enjoy!
The Road Not Taken
Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;
Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,
And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.
I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I-
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.
Robert Frost
Gotas de Água Viva
Quem conta um conto aumenta um ponto
Quando olho uma figueira, cada folha
tem um desenho diferente.
Cada uma delas tem uma maneira de
se mexer no espaço.
E, no entanto, elas gritam todas,
embora cada qual à sua maneira:
Figueira!
Henri Matisse
Quando vejo a vida como árvore,
cada folha me parece uma pessoa.
Cada uma delas tem uma maneira de
se mexer no espaço.
E, no entanto, elas gritam todas,
cada qual à sua maneira e com ansiedade:
Liberdade!
João Carlos Pecci
Quando vejo o mundo com coragem,
cada pessoa é uma ferida dormente.
Cada uma delas tem uma maneira de
se anestesiar, inutilmente.
E, quase sufocando, elas gritam todas,
cada qual à sua maneira e com ansiedade:
Igualdade!
Lia
Sobre o tempo...
Sei que parece loucura apresentar Dalida e Nana Caymmi no mesmo post, mas proponho reservarmos quaisquer pré conceitos e simplesmente nos deixarmos levar pela sensibilidade, seja ela transmitida pela profundidade da Nana ou pela tristeza brega porém realista da Dalida.
Enjoy!
Resposta ao Tempo (Nana Caymmi)
Composição: Aldir Blanc/Cristovão Bastos
Batidas na porta da frente
É o tempo
Eu bebo um pouquinho
Pra ter argumento…
Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei
Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há fôlhas no meu coração
É o tempo…
Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei…
E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos…
Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto…
E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver…
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer…
Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto…
E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver…
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, e ele não vai poder
Me esquecer…
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer…
C’est fini la comédie (Dalida)
Composição: J.Palmer, K.Ricanek, A.La-Bionda, P.Delanoé
C’est fini, c’est fini la comédie
Tout avait commencé comme une pièce à succès
Dans le décor tout bleu d’un théâtre de banlieue
Nous n’étions que nous deux
On s’est aimé longtemps au point d’oublier le temps
Qui tout au long des scènes transformait les joies en peine
Il a gagné le temps, il est content
Quand il nous voit chacun de son côté comme des étrangers
Nous n’avons plus en commun que les mots quotidiens
Le décor n’a pas changé mais les acteurs n’ont rien à jouer
Il faut baisser le rideau
C’est fini, c’est fini la comédie
On était bien parti éternité garantie
On était seuls au monde devant nous la route longue
Pas de sens interditIl a gagné le temps, il est content
Quand il nous voit chacun de son côté comme des étrangers
Nous n’avons plus en commun que les mots quotidiens
Le décor n’a pas changé mais les acteurs n’ont rien à jouer
Il faut baisser le rideau
C’est fini, c’est fini la comédie
Tout avait commencé comme une pièce à succès
Dans le décor tout bleu d’un théâtre de banlieue
Nous n’étions que nous deux
C’est fini
C’est fini la comédie.
Mais do que uma coincidência lingüística
Interessante é que em francês a expressão ” J’ai mal au coeur” significa “Estou enjoado”, ao contrário do que trasmitiria a tradução literal “meu coração está doendo”. Segundo o Átila, antigamente o órgão que levava crédito, ou descrédito, pelas emoções era nada mais nada menos do que o fígado, vulgo figo.
Enfim, uma curiosidade não muito curiosa, mas ao menos digna de uma pausa com cara de conteúdo seguida de uma interjeição como um curto, porém enfático “huh”.
Caso algum leitor tenha dados mais aprofundados sobre o tema, por favor fique à vontade para compartilhá-los conosco, mas não sem antes, é claro, prestar as devidas honras ao post através da pausa previamente mencionada.
Infeliz
Bem-vindos ao Lia's Land in the Sky!!!